O livro tem volume?

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Diego Rodrigues Belo

Keywords

cultura; design do livro; design gráfico; silêncio; sintoma.

Resumo

Um fragmento de silêncio que ocupa as mãos e os olhos. O livro impresso convida não só a uma leitura silenciosa, bem como clama por um ambiente de escassos ruídos. Atividade íntima, exige concentração e dedicação do corpo-leitor. O projeto gráfico pode ser visto como estrutura pensante e de pensamento, favorece a circulação das ideias e serve como instrumento para a organização, consolidação e disseminação do conhecimento. Cumulativo, irreversível, sucessivo e cronológico, o saber configurado nos impressos se deve também a certa reverência e autoridade que conferimos a eles. É na comunhão provocada pelo ato de leitura que o livro pode ser tomado enquanto meio decisivo para o fomento das faculdades perceptivas e do pensamento. A partir deste artigo cada vez mais escasso na sociedade contemporânea – o silêncio – convoco Didi-Huberman para tratar sobre a complexa noção de “sintoma”, seja em suas configurações visuais ou temporalidades. Proponho uma ideia de silêncio enquanto potencial sintoma do livro, instigando sua visualidade por meio de um sinal tipográfico – a “vírgula de perquirição”. Com isso, objetivo examinar o inquietante “silêncio do livro” em relação à capacidade projetual do design gráfico construir espaços convenientes para ativar a imaginação e ação humanas.

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